quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Porque hoje estou danada...

Vou partilhar um email que recebi e com o qual não poderia estar mais de acordo e porque hoje estou muito irritada.

Professor do Ano

Professor do ano foi aquele que, com depressão profunda, persistiu em ensinar o melhor que sabia e conseguia os seus 80 alunos (eu tinha no ano anterior quase 200).

Professor do ano foi aquela que tinha cancro e deu as suas aulas até morrer.

Professor do ano foi aquela que leccionou a 200 km de casa (eu já estive a 300km no meio do nada onde nem um hospital havia, que uma das minhas colegas de trabalho que se mudou para lá com os dois filhotes, um dia a meio da noite teve que recorrer a uma colega local para ficar com o filho mais velho porque o pequenino caiu da cama abaixo e deslocou um ombro e ela a meio da noite pela serra fora teve que ir ao hospital mais próximo para tratar o filho), e só viu os filhos e o marido de 15 em 15 dias.

Professor do ano foi aquela que abandonou o marido e foi com a menina de 3 anos para um quarto alugado. Como tinha aulas à noite, a menina esperava dormindo nos sofás da sala dos professores. (Já assisti várias vezes, ainda não tenho nem marido nem filhos para deixar, mas como Mulher que sou irei ponderar muito bem, com estes reconhecimentos não sei se vale a pena)

Professor do ano foi aquele que comprou o material do seu bolso porque as crianças não podiam e a escola não dava.

Professor do ano foi aquele que, em cima de todo o seu trabalho, preparou acções de formação e se expôs partilhando o seu saber e os seus materiais (Quase todos os dias faço e colegas fazem comigo essa troca de experiências e materiais, mas isso sou eu que tenho sorte com os amigos que tenho, normalmente aos professores custa-lhes fazer esse tipo de cedências).

Professor do ano foi aquela que teve 5 turmas e 3 níveis diferentes (eu tenho 3 turmas mas tenho 5 níveis, não sei qual é melhor mas acho que prefira ter as 5 turmas a ter que semanalmente preparar aulas com 5 níveis diferentes e dentro de cada nível os respectivos sub-níveis ou as vulgares adaptações).

Professor do ano foi aquele que pagou para trabalhar só para que lhe contassem mais uns dias de serviço (Também já o fiz).

Professor do ano foi aquele que fez mestrado suportando todos os custos e sacrificando todos os fins-de-semana com a família (Fiz isto três anos seguidos em pós graduação e nova licenciatura para me profissionalizar e ser reconhecida como professora. Nisto está uma média de 10000€ em que o estado dá uns míseros 400€ a 500€ para despesas de educação, mas também ninguém me mandou gostar de dar aulas, uma licenciatura chegava bem, pró que ganho).

Professor do ano foi aquele que foi agredido e voltou no dia seguinte com a mesma esperança (Já os vi chegar e desculpar os meninos coitadinhos porque têm tudo na vida muito complicado e nós é que temos que viver com isso, cada um que fique com os seus e desculpem mas estou farta de desculpar a pobreza financeira com a pobreza de espírito).

Professor do ano foi aquele que sacrificou os intervalos e as horas de refeição para tirar mais umas dúvidas.

Professor do ano foi aquele que organizou uma visita de estudo mesmo sabendo que Jorge Pedreira considerava que ele estava a faltar.

Professor do ano foi aquele que encontrou forças para motivar os alunos depois de ser insultado e indignamente tratado pelos seus superiores do ME.

Professor do ano foi aquela que se manifestou ao sábado sacrificando um direito para preservar os seus alunos.

Professor do ano foi aquele presidente de executivo que viveu o ano entre o dever absurdo, a pressão e a escola a que quer bem, os colegas que estima.

Professores do ano, todo o ano, fomos todos nós, professores, que o continuamos a ser mesmo após uma divisão absurda.

Professor do ano... tanto professor do ano em cada escola, tanto milagre em cada aluno. Somos mais que professores do ano. Somos professores sempre e diria para sempre!

O link do autor está aí no título (penso eu), ao qual agradeço por palavras tão sábias.

Mas vos digo haja paciência, eu sou muito nova para perder os meus melhores anos a lutar contra corrente, ainda por cima quando todos os dias tenho vontade de desligar a TV porque não há uma notícia de esperança num futuro melhor, onde só se ouve falar de guerra, corrupção, fraude e futebol.

E digo-vos porque estou muito danada.
Hoje após ter sido maltratada por um pai indulgente, que considerou que um filho que me causou um dano superior a 400€ de não ser responsável pelos seus actos porque só tinha 14 anos, ou melhor, disse que o filho com 14 anos não sabia o que fazia. Dirigiu-se a mim quase a condenar-me por eu ter o carro à disposição do filho dele se sentar ao ponto de me meter o capo do carro dentro. É lamentável os pais continuarem a desculpabilizar os filhos por tudo e por nada, é isto que eles querem fazer dos filhos, sentir que não há impunidade. Exijo que me respeitem como cidadã e pagadora de impostos limpos, não os que me apetece pagar.
Esta coisa de pistolas de brincar, atirar cadeiras a professores, gritar com os professores, lesaram material e moralmente os professores tem que acabar.
Eu faço tudo pelos meus alunos, mas é ao ver pais como aquele reagirem que me faz pensar que algo tem que mudar rápido, isto não se pode admitir. Sinto-me indignada e magoada pela falta de respeito que sofri logo bem cedo pela manhã. Sem hora marcada a chamar-me "Aquela". Onde é que andam os errados, quem tem que pagar esta factura? Eu? Vocês que todos os dias dão o melhor no vosso trabalho e têm que ser mal tratados ou humilhados por gente que chega a algum lado não se sabe como ou por pessoas sem nível que nos ofendem como se fossemos uns irresponsáveis temos que dizer basta. Já chega tudo que nos estão a fazer viver neste país do salve-se quem puder e como puder, que funcione pelo menos a justiça, a legalidade.

2 comentários:

O ovo estrelado disse...

...eu logo vi que o título trazi aágua no bico, o caso do capot que não devia estar ali! Ai o pai do pobrezinho fez isso!? Conheces algum amigo advogado!?Conhecer conhcees (juiz ainda o cima)mas está a umas braçadas de distância...retiro o que disse "acerca do pobre coitado". Est´+a visto que a irresponsabilidade do filho é congénita e pior do que isso hereditária. Eu movia um processo cível contra o pai "do triste" só pela afronta!! Custasse o que custasse só pelo simples prazer de lhe dar uma bofetada na falta de razão que obstinadamente conserva!! Não vi nem presenciei,mas pelo menos uma carta registada com aviso de recepção escrita por um advogado com um aviso para o caso ser solucionado, ai isso levava!!...lá dizem os amaricanos "fight fire with fire!". Agora é tudo uma questão de números, 400 contra outra cifra qualquer no outro prato da balança! O que pensas fazer!?


...ah! texto brilhante o do professor do ano!! Olha a professora da minha filha está aqui em Oeiras, tem um pequenino que ora está cá ora está em Chaves!! Tenho um prima minha que esteve 3 ou 4 anos não me lembro a leccionar nos Açores e antes tinha estado em Tábua e Figueira da Foz. È de Vieira do Minho (onde também tenho casa). É assim, no início de carreira, infelizmente! O porquê disso não entendo pois fala-se muito de excesso, mas em todo o lado vejo pais e professores a queixarem-se que deviam existir mais professores. Acresce a isso a minha singela opinião de que talvez uma redução dos alunos por turma fosse uma meida proactiva em matéria de qualidade do ensino.

Bem...acerca do capot! Eu pessoalmente, passava das palavras aos actos!...mas isso é o meu mau feitio a falar!!Sou absolutamente pacífico mas quando a deusa da mostarda chega às bordas das narinas....

saudações calorosas..

ps: falaram agora no telejornal no desaparecimento de uma menina ai de Ponte de Lima!?

Anónimo disse...

Malditos os ignorantes bem com os seus progenitores os descendentes, conforme o caso que não admitem os seus erros. Benditos sejam aqueles que apreendem com os erros. Em três dias de aulas, os primeiros do 2º período, que deveriam ser tranquilos e de boas novas, de novas motivações, como de bons ou melhores comportamentos. Em vão, já prescrevi duas P.D. O surto de gripe não chegou a casa destes meninos e não alongou o período de férias deles. Ehhh… Paciência, eu até gosto muito deles e parece que só eles não querem acreditar. Desabafos desajustados, modos incorrectos, falta de auto-estima como de um lado familiar “mais melhor bom”, um estado completo de inconscientes incompetentes que não querem nada com nada, não sabem nada sobre o que sabem ou o que não sabem. Claro, estes são uma minoria graças ao diabo. Porem um dia, qualquer dia eles serão benzidos pelo um qualquer Dr. Rui ao quadrado vezes a hipérbole, ou por uma alma superior ou mesmo pela aprendizagem da vida. Actualmente parece não haver estratégia diversificada que resulte, não querem apreender com o ensino, nem o ensino pode apreender com eles, pelo menos a curto prazo. Os disparates são tantos que não há curso de Novas Oportunidades que lhes valha, se ainda existirem a médio prazo. Mas como já fui acusado de ter o dom de ver as coisas sempre pelo lado positivo, não quero desencorajar os intervenientes mas sim fazer ver que aprendemos com todos os momentos do nosso percurso e o dos outros. Eles vão ser alguém na vida no futuro onde e como quer que seja, nós seremos melhores profissionais, é o nosso desejo e vontade. Bem hajam os conscientes competentes.
Bronzeado