domingo, 15 de fevereiro de 2009

O meu Eu hoje na voz de Fernando Pessoa


Frases do "Livro do Desassossego".
Hoje enquanto passeava por esta estrada chamada Web, encontrei-me com Pessoa, e achei bonito ele me ter emprestado estas suas belas citações para exprimir alguns dos meus devaneios dominicais.

Então aqui vai:


“O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.”
Tema: Tempo

“Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjectividade.”
Tema: Os Outros

“A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida”
Tema: Vida

“Conformar-se é submeter-se e vencer é conformar-se, ser vencido. Por isso toda a vitória é uma grosseria. Os vencedores perdem sempre todas as qualidades de desalento com o presente que os levaram à luta que lhes deu a vitória. Ficam satisfeitos, e satisfeito só pode estar aquele que se conforma, que não tem a mentalidade do vencedor. Vence só quem nunca consegue…“
Tema: Vitória

“Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa…”
Tema: Amor

“A renúncia é a libertação. Não querer é poder.”
Tema: Liberdade

“Precisar de dominar os outros é precisar dos outros. O chefe é um dependente.”
Tema: Chefe

“O pensamento pode ter elevação sem ter elegância, e, na proporção em que não tiver elegância, perderá a acção sobre os outros. A força sem a destreza é uma simples massa…”
Tema: Pensamento

“Possuir é perder. Sentir sem possuir é guardar, porque é extrair de uma coisa a sua essência…”
Tema: Posse

“A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo”
Tema: Liberdade

“Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugná-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito”
Tema: Perfeição

“A única maneira de teres sensações novas é construíres-te uma alma nova”
Tema: Alma

“Todo o prazer é um vício, porque buscar o prazer é o que todos fazem na vida, e o único vício negro é fazer o que toda a gente faz”
Tema: Prazer

“Para realizar um sonho é preciso esquecê-lo, distrair dele a atenção. Por isso realizar é não realizar.”
Tema: Sonho

“Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso…“
Tema: Sonho

“Querer não é poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder. Quem quer nunca há-de poder, porque se perde em querer…”
Tema: Poder

“Considerar a nossa maior angústia como um incidente sem importância, não só na vida do universo, mas da nossa mesma alma, é o princípio da sabedoria…”
Tema: Sabedoria

“Tudo que existe, existe talvez porque outra coisa existe. Nada é, tudo coexiste: talvez assim seja certo…”
Tema: Mundo

“Despreza tudo, mas de modo que o desprezar te não incomode. Não te julgues superior ao desprezares. A arte do desprezo nobre está nisso”
Tema: Desprezo

“A única vantagem de estudar é gozar o quanto os outros não disseram!”
Tema: Estudo

“A única atitude intelectual digna de uma criatura superior é a de uma calma e fria compaixão por tudo quanto não é ele próprio. Não que essa atitude tenha o mínimo cunho de justa e verdadeira; mas é tão invejável que é preciso tê-la…”
Tema: Superioridade

“Nunca sabemos quando somos sinceros. Talvez nunca o sejamos. E mesmo que sejamos sinceros hoje, amanhã podemos sê-lo por coisa contrária”
Tema: Sinceridade

“Sinto-me nascido a cada momento / Para a eterna novidade do Mundo...”
Tema: Nascimento

“Alague o seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas”
Tema: Esperança

“Não sou da altura que me vêem, mas sim da altura que os meus olhos podem ver”
Tema: Auto-conhecimento

“Tudo é ousado para quem nada se atreve”
Tema: Ousadia

“Entre mim e a vida há um vidro ténue. por mais nitidamente que eu veja e compreenda a vida, eu não lhe posso tocar”
Tema: Vida

“Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho!”
Tema: Presente

“A ironia é o primeiro indício de que a consciência se tornou consciente…“
Tema: Ironia

“Quem sou eu para mim? Só uma sensação minha”
Tema: Sensação

“Hei-de por força dizer o que me parece, visto que sou eu…”
Tema: Dizer

“O tédio é a falta de uma mitologia. A quem não tem crenças, até a dúvida é impossível, até o cepticismo não tem força para desconfiar…”
Tema: Tédio

“Todo o gesto é um acto revolucionário."
Tema: Gesto

“Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos…"
Tema: Ilusão

“Quando escrevo, visito-me solenemente!”
Tema: Escrita

2 comentários:

O ovo estrelado disse...

...já li muitas frases soltas desse livro, talvez dos poucos que ainda não li do Bernardo Soares. Mas o simples facto de nunca o ter lido talvez se deva ao facto de não conseguir afastar a subjectividades daquilo que lá vem escrito...o livro é uma espécie de horóscopo. Em cada frase, conseguimos vestir a pele de uma dada ideia de um dado sentimento. È como um jogo de espelhos, em que dado momento somos confrontados com o nosso verdadeiro Eu. O livro cria-me um desassossego perturbador...fico-me pelas frases soltas!


"O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formámos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o príncipio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida (...)"

Anónimo disse...

não querendo desassossegar a autora e acompanhantes deste espaço dos excelentes artigos ou "extrechos" biliograficos, venho dar o meu testemunho sobre experiencia fantasticamente "aldrabona" que tive hoje, algures perto do novo centro escolar de arcozelo, não...era mesmo lá.... o "jumento" do Socrates e as suas "goumert's" apareceram-me na frente. Primeiro fiquei na duvida, havia diferenças do grande ecrã, será a mesma pes(te)soa ou é irmão gemeo, anda armado em humorista e cheio de moral mas parece que os últimos dias ganhou uma certa azia, senão vejamos: será por estarmos perto do carnaval, será por saber que vai ser o maior protagonista das folias de carnaval, será por não dar saida aos "guimarâes" (como chama um dos meus alunos), quando estão para sair os vascos da gama. ou será pelo apoio declarado aos guerrilheiros pistoleiros que querem recomear a guerra em "cabinda" termina em 2000,ou será o tio, ou eng. amigo que se fazia acompanhar com "euros" a cair dos bolsos e a gritarem baixinho "olha o Freeport". Ou seria a sua companheiro disfarçada de jornalista (ela é mesmo jornalista) young girl. Será por ter deixado o (mal)tratado de lisboa a meio.
Maldito, parecia-me perseguir...onde quer que me dirigia com os meus "Miro's", eu dizia a mim mesmo, "ainda não fostes !!"
Obrigado por me fazerem rir OP3.
"Bronzeado"