Vou partilhar um email que recebi e com o qual não poderia estar mais de acordo e porque hoje estou muito irritada.
Professor do AnoProfessor do ano foi aquele que, com depressão profunda, persistiu em ensinar o melhor que sabia e conseguia os seus 80 alunos (eu tinha no ano anterior quase 200).
Professor do ano foi aquela que tinha cancro e deu as suas aulas até morrer.
Professor do ano foi aquela que leccionou a 200 km de casa (eu já estive a 300km no meio do nada onde nem um hospital havia, que uma das minhas colegas de trabalho que se mudou para lá com os dois filhotes, um dia a meio da noite teve que recorrer a uma colega local para ficar com o filho mais velho porque o pequenino caiu da cama abaixo e deslocou um ombro e ela a meio da noite pela serra fora teve que ir ao hospital mais próximo para tratar o filho), e só viu os filhos e o marido de 15 em 15 dias.
Professor do ano foi aquela que abandonou o marido e foi com a menina de 3 anos para um quarto alugado. Como tinha aulas à noite, a menina esperava dormindo nos sofás da sala dos professores. (Já assisti várias vezes, ainda não tenho nem marido nem filhos para deixar, mas como Mulher que sou irei ponderar muito bem, com estes reconhecimentos não sei se vale a pena)
Professor do ano foi aquele que comprou o material do seu bolso porque as crianças não podiam e a escola não dava.
Professor do ano foi aquele que, em cima de todo o seu trabalho, preparou acções de formação e se expôs partilhando o seu saber e os seus materiais (Quase todos os dias faço e colegas fazem comigo essa troca de experiências e materiais, mas isso sou eu que tenho sorte com os amigos que tenho, normalmente aos professores custa-lhes fazer esse tipo de cedências).
Professor do ano foi aquela que teve 5 turmas e 3 níveis diferentes (eu tenho 3 turmas mas tenho 5 níveis, não sei qual é melhor mas acho que prefira ter as 5 turmas a ter que semanalmente preparar aulas com 5 níveis diferentes e dentro de cada nível os respectivos sub-níveis ou as vulgares adaptações).
Professor do ano foi aquele que pagou para trabalhar só para que lhe contassem mais uns dias de serviço (Também já o fiz).
Professor do ano foi aquele que fez mestrado suportando todos os custos e sacrificando todos os fins-de-semana com a família (Fiz isto três anos seguidos em pós graduação e nova licenciatura para me profissionalizar e ser reconhecida como professora. Nisto está uma média de 10000€ em que o estado dá uns míseros 400€ a 500€ para despesas de educação, mas também ninguém me mandou gostar de dar aulas, uma licenciatura chegava bem, pró que ganho).
Professor do ano foi aquele que foi agredido e voltou no dia seguinte com a mesma esperança (Já os vi chegar e desculpar os meninos coitadinhos porque têm tudo na vida muito complicado e nós é que temos que viver com isso, cada um que fique com os seus e desculpem mas estou farta de desculpar a pobreza financeira com a pobreza de espírito).
Professor do ano foi aquele que sacrificou os intervalos e as horas de refeição para tirar mais umas dúvidas.
Professor do ano foi aquele que organizou uma visita de estudo mesmo sabendo que Jorge Pedreira considerava que ele estava a faltar.
Professor do ano foi aquele que encontrou forças para motivar os alunos depois de ser insultado e indignamente tratado pelos seus superiores do ME.
Professor do ano foi aquela que se manifestou ao sábado sacrificando um direito para preservar os seus alunos.
Professor do ano foi aquele presidente de executivo que viveu o ano entre o dever absurdo, a pressão e a escola a que quer bem, os colegas que estima.
Professores do ano, todo o ano, fomos todos nós, professores, que o continuamos a ser mesmo após uma divisão absurda.
Professor do ano... tanto professor do ano em cada escola, tanto milagre em cada aluno. Somos mais que professores do ano. Somos professores sempre e diria para sempre!
O link do autor está aí no título (penso eu), ao qual agradeço por palavras tão sábias.
Mas vos digo haja paciência, eu sou muito nova para perder os meus melhores anos a lutar contra corrente, ainda por cima quando todos os dias tenho vontade de desligar a TV porque não há uma notícia de esperança num futuro melhor, onde só se ouve falar de guerra, corrupção, fraude e futebol.
E digo-vos porque estou muito danada.Hoje após ter sido maltratada por um pai indulgente, que considerou que um filho que me causou um dano superior a 400€ de não ser responsável pelos seus actos porque só tinha 14 anos, ou melhor, disse que o filho com 14 anos não sabia o que fazia. Dirigiu-se a mim quase a condenar-me por eu ter o carro à disposição do filho dele se sentar ao ponto de me meter o capo do carro dentro. É lamentável os pais continuarem a desculpabilizar os filhos por tudo e por nada, é isto que eles querem fazer dos filhos, sentir que não há impunidade. Exijo que me respeitem como cidadã e pagadora de impostos limpos, não os que me apetece pagar.
Esta coisa de pistolas de brincar, atirar cadeiras a professores, gritar com os professores, lesaram material e moralmente os professores tem que acabar.
Eu faço tudo pelos meus alunos, mas é ao ver pais como aquele reagirem que me faz pensar que algo tem que mudar rápido, isto não se pode admitir. Sinto-me indignada e magoada pela falta de respeito que sofri logo bem cedo pela manhã. Sem hora marcada a chamar-me "Aquela". Onde é que andam os errados, quem tem que pagar esta factura? Eu? Vocês que todos os dias dão o melhor no vosso trabalho e têm que ser mal tratados ou humilhados por gente que chega a algum lado não se sabe como ou por pessoas sem nível que nos ofendem como se fossemos uns irresponsáveis temos que dizer basta. Já chega tudo que nos estão a fazer viver neste país do salve-se quem puder e como puder, que funcione pelo menos a justiça, a legalidade.